O diagnóstico da endometriose carrega consigo muito mais do que uma condição médica; traz à tona um turbilhão de emoções, desafios físicos e questões que impactam profundamente a vida de milhões de mulheres ao redor do mundo. Como psicóloga e mulher que convive com endometriose profunda, eu sei, tanto pela prática clínica quanto pela experiência pessoal, que essa doença é um desafio que vai muito além da dor física.
A endometriose é frequentemente conhecida por suas dores intensas, especialmente durante o ciclo menstrual, mas os efeitos emocionais que acompanham essa condição são muitas vezes invisíveis para o mundo externo. Mulheres com endometriose frequentemente enfrentam sentimentos de frustração, isolamento e até depressão. A dor crônica pode levar a um desgaste emocional profundo, impactando a vida social, sexual e profissional.
Comentários como “Mas você não parece doente” ou “É só uma cólica forte” muitas vezes invalidam o sofrimento real e constante de quem vive com endometriose, aumentando o isolamento. Reconhecer e validar esses sentimentos é fundamental para o bem-estar das mulheres que convivem com a endometriose.
A terapia pode ser um espaço seguro para expressar as dores e angústias que muitas vezes são guardadas em silêncio. A validação do sofrimento e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento são essenciais para ajudar as pacientes a lidarem com as limitações que a endometriose impõe. Além disso, pode haver impacto na vida sexual, com sintomas como dispareunia (dor durante a relação sexual), podendo gerar angústia, ansiedade e dificuldades nos relacionamentos. Abordagens terapêuticas que tratam o corpo, a mente e o espírito são necessárias.
Conviver com endometriose severa tem sido uma jornada difícil, mas também me proporcionou uma compreensão mais profunda e empática das minhas pacientes. Esse compartilhamento mútuo de experiências fortalece a relação terapêutica e me lembra da importância de cada pequena vitória no caminho para uma vida mais saudável e equilibrada.
A endometriose pode ser devastadora, mas é importante lembrar que você não está sozinha nessa jornada. A psicoterapia, grupos de apoio ou simplesmente compartilhar sua história podem aliviar o fardo emocional. Minha missão, tanto como profissional quanto como alguém que vive com essa condição, é oferecer um espaço de acolhimento, apoio e compreensão para todas as mulheres que lutam contra a endometriose. Juntas, podemos encontrar força para enfrentar as adversidades e buscar qualidade de vida, mesmo diante da dor.
Lembre-se: seu sofrimento é real, sua experiência é válida, e seu bem-estar emocional merece toda a atenção e cuidado do mundo.
Thalita Ruth de Oliveira – CRP 11/15348
Cuidados psicológicos especializados para a saúde da mulher com foco na fertilidade, sexualidade e qualidade de vida